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Setembro Amarelo – Preservando a Vida

Artigo de opinião da Juíza Luciana Caringi Xavier aborda o delicado tema da relação entre suicídio e ambiente de trabalho. Publicado no jornal Correio do Povo, edição de 20/9/2016

SETEMBRO AMARELO: PRESERVANDO A VIDA

Choca. É ato voluntario contra a vida. Não, não é voluntário. Choca ainda mais. Vem acompanhado de sofrimento. Não é um sofrimento de alguém que vê sua vida chegando ao fim. É mais que isso. É o sofrimento que leva a pessoa a acabar com a própria vida, pois só assim o sofrimento estará acabado.

 

Artigo de opinião da Juíza Luciana Caringi Xavier aborda o delicado tema da relação entre suicídio e ambiente de trabalho. Publicado no jornal Correio do Povo, edição de 20/9/2016

SETEMBRO AMARELO: PRESERVANDO A VIDA

 

Choca. É ato voluntario contra a vida. Não, não é voluntário. Choca ainda mais. Vem acompanhado de sofrimento. Não é um sofrimento de alguém que vê sua vida chegando ao fim. É mais que isso. É o sofrimento que leva a pessoa a acabar com a própria vida, pois só assim o sofrimento estará acabado.

Ninguém falava com ele no trabalho. A comunicação se dava por post it. Isso. Pequeno pedaço de papel com uma cola. Uma cola que gruda. Porém, mais que gruda, fere. Um dia, ele é encontrado morto, em sua mesa de trabalho, coberto de post it. Recado? Sim. O suicídio é uma forma encontrada pelo ser humano de acabar com a dor e quase sempre vem acompanhado de um recado.  

Aquele que comete o suicídio necessariamente sofre de algum tipo de transtorno mental. Ainda que muitas vezes o sofrimento seja silencioso, pistas são deixadas. Por isso, a importância de apurarmos o olhar para aqueles que estão à nossa volta. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 9 em cada 10 casos teriam chance de ajuda.  Ainda que muitos transtornos mentais não possam ser evitados, diante das agruras da vida e da fragilidade emocional das pessoas, quando o tema é trabalho acredito que podemos agir antes do adoecimento. Podemos prevenir transtorno mental banindo todo e qualquer meio pernicioso de organização do trabalho. Cuidando na escolha daqueles que irão chefiar uma equipe, liderar pessoas. Alguém que enxergue o ser humano tal como ele é e o trate tal como ele merece. Um meio ambiente de trabalho deve olhar sempre para o ser humano que o move, que o dá vida. É dele que o ambiente de trabalho depende. Dele, um ser humano, formado por carne, osso, ideias, sentimentos. Isso! Sentimentos.

Hoje, hotéis não permitem mais que as janelas se abram. O motivo? Um dos locais mais procurados para a prática do suicídio. Janelas que não se abrem são um ótimo meio de prevenção; mas quem sabe passemos também a nos preocupar com a janela da alma? Aquela alma que sofre em silêncio. Não fala, sofre. E sofre tanto em silêncio que o único meio de acabar com a dor é a morte.

Portanto, fale. Vamos ouvir. Peça ajuda. Vamos ajudar. Quem topa? Eu topo. Você topa? Então se una a essa causa.

Saiba mais em www.setembroamarelo.org.br

 

Luciana Caringi Xavier

 

Juíza do Trabalho

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